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Ainda existe muito espaço para a igualdade

De outro continente veio a inspiração para Jornalista Carol Gilbert se tornar uma empreendedora. Uma das fundadoras e atualmente a única integrante do Mulheres Elétricas, empresa de criação de contudo e conexão entre mulheres,  começou a empreender a partir de uma inquietação com sua própria história familiar. Há 100 anos (em 1920) seu tataravô veio da Itália e se firmou em Belo Horizonte, se tornando dono de uma das maiores sapataria da cidade.

 

Ainda jovem, ele foi vítima de um acidente e faleceu, deixando de luto quatro filhas e uma esposa. “Quando entendi que, dessas cinco mulheres, nenhuma delas assumiu o negócio da família, tive certeza do meu propósito e porque é tão importante para mim através do Mulheres Elétricas protagonizar essas mulheres.”

O Mulheres Elétricas surgiu em 2015, mas em um formato muito diferente do que tem hoje. Na época, Carol era dona de uma loja de artigos de festas e passou a fazer parte de um projeto formado por sete mães empreendedoras.

 

O grupo começou sem um objetivo definido e com pouca interação, mas com tempo surgiu a ideia de se juntarem para produzir uma série de vídeos para o YouTube. Foi fechada uma parceria com uma produtora e gravada a primeira temporada, com 16 episódios que relatam o universo dessas mulheres.

 

As produções desses episódios demandaram tempo e trabalho, algumas das integrantes optaram por sair e ao final da primeira temporada o projeto contava apenas com três mulheres. Carol e as outras duas integrantes fecharam uma sociedade e pensaram em um novo formato para o Mulheres Elétricas.

 

Elas perceberam que muitos veículos estavam em busca de conteúdo voltado para o público feminino e decidiram empreender com a produção de conteúdo. Um desses veículos era a Rádio Band News, de Belo Horizonte. Com sua atração pela mídia tradicional, Carol conseguiu convencer as duas sócias e apresentaram a ideia.

 

O diretor geral da rádio na época aderiu a proposta. “A gente acabou fazendo um piloto, sentamos lá com o diretor geral, que na época era o José Duailibe, ele falou: ‘Olha meninas, eu gosto muito da ideia de ter um conteúdo voltado para as mulheres, principalmente porque é o nosso foco hoje, trazer mais mulheres para rádio, mais ouvintes’”.

 

Carol admite que achou um pouco arriscado levar uma coluna de três mulheres para falar do público feminino para uma rádio totalmente voltada para o sexo masculino.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

A sociedade e o formato de duas colunas semanais com duração de 3 minutos para a Band News FM duraram, mais ou menos, dois anos. Em 2018, aconteceu a saída da primeira sócia, que deixou o projeto devido a problemas de saúde.

 

O Mulheres Elétricas permaneceu com o trabalho de Carol e de sua colega, que decidiram buscar formas de se reinventar e alcançar mais ouvintes. E a partir daí lançaram dois novos produtos: A confraria das Elétricas e o Mulheres Elétricas Experience.

 

Os eventos foram acontecendo ao longo do ano simultaneamente com as colunas da rádio, mas em dezembro, após uma desavença pelo WhatsApp, acontece a saída da segunda sócia.

 

 

A partir daí, Carol se vê como a única integrante da empresa. “Eu sempre conto essa história porque eu me vi no singular, uma única pessoa, mas tocando uma empresa no plural: A Mulheres Elétricas”. Mesmo sendo a única integrante da empresa, ela optou por continuar com o espaço na rádio que passou de uma coluna para um programa de entrevistas.

 

 

Mesmo com as novidades, a jornalista não parou e continuou reinventando a empresa. Em 2019 se inscreveu em uma aceleração, programa focado no cresimento de empresas, no Founder Institute, para entender como o Mulheres Elétricas pode se tornar uma solução digital.

 

No primeiro semestre já havia concluído a aceleração, mas deixa bem claro que mesmo após ter aprendido muitas coisas, ter mergulhado em uma área que não conhecia e feito muitas conexões, a resposta não veio de um dia para o outro.

 

Antes, realizou outras Confrarias das Elétricas, desenvolveu um painel voltado para mulheres sobre o mercado de startups (empresa que possui um modelo de negócios repetível e escalável, inovadora e que normalmente possui base tecnológica)  e investimentos, além de conteúdo para o HUB de inovação promovido pelo Banco Itaú.

 

“Foi através de todas essas conversas, através dos eventos, através das pessoas...que eu comecei as entender que nós somos “Uma empresa de soluções em conteúdo e comunicação e de conexões de comunidades femininas”

 

Carol explica que hoje a empresa tem vários pilares e que o foco não é a consumidora final, conhecido como B2C ou Business to Consumer, mas sim a penetração dentro das empresas o B2B ou Business to Business.

 

 

 

Ela realiza um trabalho com base no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável Nº5 da Organização das Nações Unidas, ‎que tem como objetivo: “Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”.

 

“A igualdade seria 50% homens e 50% mulheres, mas as mulheres só estão ocupando 3%.

Se a gente quer um mundo mais igual, a gente tem aí um espaço de 47% para trabalhar.”

 

Além da ODS Nº5, Carol também se baseia em um estudo da Organização Mundial do Trabalho, que mostra que empresas com mulheres em cargos de liderança possuem 20% a mais de sucesso, e em uma pesquisa da Bain & Company  e Linkedin que aponta que apenas 3% dos cargos de liderança no executivo são ocupados por mulheres.

 

 

 

 

 

 

“A gente está entendendo que essa mudança tem que vir de dentro das empresas para fora. Ela tem que vir das empresas grandes e influentes que já estão começando a se movimentar e a se posicionar em relação a isso.” complementa a jornalista. 

 

Em maio, o Mulheres Elétricas e a Band News realizaram uma série de entrevistas que foram veiculadas ao longo dos domingos no YouTube. A série foi patrocinada por grandes marcas e contou com a participação de mulheres que são referência no empreendedorismo mineiro, como Ângela e Ana Gutierrez.

 

“Isso já vira o Mínimo Produto Viável do que o Mulheres Elétricas pode oferecer para qualquer empresa ou qualquer tipo de conteúdo e isso vai gerando pra gente notoriedade e reputação para o tipo de meio que a gente quer entrar, pra gente já começar a dar esse pontapé para trazer mulheres fortes para essa rede e depois a gente ganhar essa amplitude.”

O DIA-A-DIA

 

Carol é hoje a única pessoa à frente da empresa, o que gera muitas tarefas e também muita pressão. Hoje ela é responsável por basicamente tudo: “Eu ainda não tenho uma equipe! Sou só eu sozinha, então eu faço tudo né, desenvolvo a arte do Instagram, o mídia kit que eu tenho que enviar para fechar negócios, vendo a ideia dos Mulheres Elétricas, crio conteúdo, realizo entrevistas… Eu faço tudo, então é muito puxado.

 

E falar que não é, é mentira...Aí que vem os conflitos! Você fica nervosa, você fica frustrada, desconta as vezes nos filhos, no marido, enfim...é uma rotina muito puxada, muito puxada, não é impossível, mas muito é puxado.” 

 

Além de toda dedicação nos negócios, é necessário também dividir seus dias entre a criação de dois filhos, cuidados com a casa e outras questões pessoais. As atividades em relação a casa e aos filhos são distribuídas igualmente entre ela e o marido, que contam com apoio da escola e de uma empregada doméstica.

 

Mesmo assim, dificilmente consegue 8 horas seguidas de trabalho ininterrupto, o que fez com que ela aprendesse a se organizar para realizar as atividades de forma quebrada. “Às vezes eu tenho lá 2 ou 3 horas para fazer uma coisa, aí eu tenho que parar para buscar os meninos na escola, aí tenho mais duas horas e aí tenho que parar para fazer outra coisa…” relata Carol ao explicar o que faz para dar conta de tantas demandas.

 

A jornalista tem consciência de que para ser uma boa mãe e uma boa profissional é preciso se desprender daquela ideia de “mulher maravilha” que dá conta de tudo. É importante saber delegar tarefas.

 

“Não é possível a gente viver naquela visão da mulher do passado que era: Para ser uma boa mãe, eu tenho que abrir mão do meu trabalho. Se eu trabalho e sou mãe ao mesmo tempo, eu tenho que terceirizar o meu trabalho ou preciso ter uma babá comigo.” E é essa umas das principais lições que a jornalista tenta passar para as mulheres que acompanham seu conteúdo. 

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Carol Girlbert empreende produzindo conteúdo para a internet, eventos e para Rádio Band News FM.

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Âncora 2

Reportagem, design e produção por Scarlet Freitas.

Orientação professor João Barreto da Fonseca.

Ilustrações por Paula Alvarenga Botelho.

Trabalho de conclusão do curso de Comunicação Social - Jornalismo

da Universidade Federal de São João del-Rei© 2021

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